sábado, 8 de outubro de 2016

Ouvir

Sabe, é muito bom quando tu começas a entender a tua missão no mundo. Eu acho que a minha missão aqui é ouvir os outros. Acho, sim, pois sou muito novo para dizer que já sei. E eu aprendi que ainda não sei nada da vida ouvindo sobre ela.

Durante muito tempo procurei alguém que me escutasse, dificilmente encontrava. Quando achava alguém que quisesse ouvir, sempre acabava me perdendo nas palavras, falando bobagem e não expressando nem a metade do que eu tinha a dizer. Eu acho mesmo que tenho que aprender a conviver com o fato de que eu estou aqui para ouvir as pessoas, saber o que elas sentem, demonstrar empatia com o que elas passam, e não para falar demais, sobre coisas que eu não sei. E quanto mais tu ouves, mais tu tens a contar, porém tu sabes que sempre haverá mais a escutar, a conhecer, aprender.

Nesse tempo em que a gente vive, as pessoas têm pouco ou nenhum tempo e interesse de ouvir o outro, afinal, muitos pensam, "os meus problemas são suficientes pra mim, cada um que se vire com os seus". E nessa onda a gente não se ouve, não fala, não ouve o outro, julga as pessoas pelo que achamos que é a realidade de todos, sem buscar conhecer o que cada um encara na sua vida, que é totalmente diferente e peculiar à nossa.

Eu tenho, sim, muito a dizer, ainda preciso de diálogo, compreensão, afinal, ainda existem muitas coisas sem respostas e muitas outras coisas que quero expressar. Porém eu aprendi que se tu queres uma coisa, sejas o primeiro a fazê-la. Então, se eu quero ser ouvido, minha missão é ouvir, por que a gente sempre encontra uma resposta para alguma coisa que existe dentro da gente se enxergando no outro, no nosso semelhante.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Voltar pra casa

O tempo é um grande amigo nosso. Não importa qual tenha sido a impressão que tenhamos quanto a sua passagem, que ele tenha passado rápido, devagar, que ele tenha sido mal aproveitado ou utilizado intensamente. O tempo sempre corre a nosso favor, desde que saibamos como transformar aquilo que ele põe à nossa frente em experiências enriquecedoras.

Nos últimos dias tenho vivido mais uma dessas vivências que têm me ensinado muito, que é estar de volta ao meu lar depois de viver um intercâmbio. Sempre é complexo voltar para o ponto de onde se partiu em busca de um objetivo tão importante da sua vida; existe a sensação de retrocesso, existem marcas, existem lembranças, existem pessoas, existem aprendizados e isso vai estar sempre conosco, em nosso íntimo interior. Mas agora, é preciso aprender o lugar de cada coisa que está dentro de nós e conseguir organizá-las da melhor maneira possível, para o nosso bem e de quem nos ama. 

Tenho ouvido e lido o relato de alguns amigos brasileiros que fiz durante esse período vivendo fora do país e dois sentimentos parecem ser unânimes: tristeza e saudade. É natural. Muito se tem falado sobre a chamada “síndrome do regresso”, um estado psicológico que afeta principalmente estudantes e profissionais que passaram tempo vivendo em outro país. Segundo especialistas, essa síndrome acomete essas pessoas por causa das coisas boas e oportunidades únicas que tiveram ao morar em outro país, quase sempre mais desenvolvido que o país de origem, e agora têm de lidar com a volta à realidade, nem sempre tão boa quanto desejariam.

À beira do Rio Douro, ao fundo, a cidade do Porto
Alguns relatos são até preocupantes. É possível ver uns falando que não conseguem mais sair pelas suas cidades, outros que choram todos os dias e querem voltar o mais rápido possível para a cidade onde estiveram. Há também alguns que tecem diversas críticas ao Brasil e tem total desprezo por qualquer coisa associada ao país.

Essa é uma situação delicada. É realmente difícil voltar para casa depois de ter ido tão longe, superado tantos medos e limitações, ter vencido tantas barreiras, ser tão privilegiado de conhecer culturas diferentes. Eu, particularmente, sempre tive muito claro na minha mente o que eu estava fazendo ali, tive consciência o tempo todo de o intercâmbio era só uma fase na minha vida e que eu teria que voltar para minha cidade, por mais triste que isso fosse. Talvez isso tenha me ajudado a encarar bem a volta para casa.

Outra coisa que também me ajudou muito foi falar com pessoas, contar coisas que aconteceram e que foram importantes para mim, sair um pouco pela minha cidade, que não tem lá tantas coisas para conhecer e aproveitar, mas ainda oferece um ou outro espaço bucólico onde é possível parar, pensar e curtir o momento. Buscar seguir com a vida em frente, olhar para o que de novo pode acontecer nas nossas vidas nesse novo processo.

Um outro fator que esteve a meu favor para lidar de maneira mais tranquila com a volta para casa são as férias forçadas que tenho tirado durante o mês de Setembro. Só volto a ter aulas na minha faculdade em Outubro e esse tempo tem servido para que eu possa estar tranquilo, refletindo sobre o que aconteceu comigo, sobre o que aprendi e o que poso fazer com tudo o que trouxe do intercâmbio.

Eu não quero e nem poderia, aqui, dar alguma solução para um problema que parece supérfluo e fútil, mas é real e afeta muitas pessoas. Comigo mesmo, eu tento sempre olhar para frente e pensar no futuro. Tenho só 22 anos e se Deus permitir, muitas coisas ainda acontecerão na minha vida. Estudar no Porto, em Portugal, foi a primeira delas, uma porta que se abriu e pela qual eu adentrei para ter acesso a uma gama de possibilidades que ainda podem se concretizar. 

domingo, 27 de março de 2016

Amar


Hoje é um dia marcante para muitas pessoas que professam algumas das maiores religiões do mundo. Hoje é Páscoa, e sempre que essa data se repete, grandes reflexões sobre o mundo em que vivemos são feitas. Mas ainda na fase de tantas crises que encaramos, de tantos questionamentos que fazemos, em que urge uma revisão de atitudes, de pensamentos e de posicionamentos sobre a vida.

Páscoa, como todos sabemos, é passagem. No cristianismo, Páscoa é renovação, nova vida, ressurgimento, sendo Cristo ressurreto o maior símbolo deste momento. Ao levantar da morte, Jesus venceu não só ela, mas também o ódio que o levou a cruz; a maldade que o condenou ao sofrimento; venceu a hipocrisia que o transformou em criminoso; venceu o mal que pairava - e ainda paira - sobre os homens. Mas hoje, simplesmente viramos as costas para o que ele ensinou.

Nosso tempo tem sido marcado por desavenças desconstrutivas, que não nos levam a lugar nenhum; tem sido marcado por falta de amor, de compreensão, de altruísmo, falta de ver o outro como nosso "semelhante", falta de amar o próximo como a nós mesmos. Usamos Cristo e suas palavras a nosso bel prazer, para satisfazer determinadas maldades do nosso coração, sem entender o que Jesus disse no monte ao pregar: "Bem-aventurados os limpos de coração, por que eles verão a Deus" (Mateus 5.8)

Cristo, se vivesse em nosso tempo, certamente seria crucificado novamente, condenado mais uma vez pela hipocrisia e farisaísmo modernos, que atuam hoje em outras frentes, como a mídia, a internet e as redes sociais. Seria mais uma vez "desprezado, o mais rejeitado entre todos os homens" (Isaías, 53.3) como foi no passado. Cristo nos deixou inúmeros exemplos de vida, amor, compaixão e luta, e o máximo que fazemos é lembrar vagamente dele em algumas datas do ano. 

Que Cristo possa ser vida sempre em nossos corações, que ele possa regar, cultivar e fazer florescer o jardim de nossa alma, que ele nos encha com seu amor, e nos torne, a semelhança dele e do Pai, seres que amam incondicionalmente. Que possamos lembrar que "o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e por suas pisaduras fomos sarados" (Isaías, 53.5) e hoje somos livres para ter acesso direto a Deus e chamá-lo de Pai. Cristo é amor! Que possamos aprender a amar, como ele nos amou primeiro!

Feliz Páscoa a todos!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Aprender... mais e mais


Depois de vários dias vivendo uma nova fase na minha vida, decidi - na verdade, lembrei - compartilhar o que tenho vivido neste receptáculo onde estão registrados os passos mais importantes da minha vida. E este que dei, certamente foi mais longo e incerto que podia ter dado. Há um mês estou morando em Portugal, meu primeiro mês fora do meu país, estudando na Universidade do Porto, vivendo uma gama de aprendizados e descobertas que me marcarão para sempre.

A ribeira do Porto vista da Ponte D. Luis
Como aprendi a anos atrás, a nossa vida é feitas de fase, nada é eterno ou imutável, nada durará para sempre. Ao parar e refletir no tempo em que tenho vivido, me dei conta das várias fases pelas quais já me minha ainda curta vida, os desafios que precisei encarar, as superações que vivi, as alegrias que tive, as tristeza com as quais precisei lidar, os erros que cometi, os elogios que recebi, todas essas fases da vida de uma pessoa corroboram para quem ela será e que caminho poderá trilhar. 

Estar em outro país é mais um desafio - talvez o maior deles que tenha vivido até aqui - que encaro, mas, diferente de outros que passaram, vivê-lo tem sido prazeroso, instigante e amadurecedor. A cidade em que estou, Porto, é incrivelmente bela e amada tanto por moradores, quanto por turistas e esse amor se percebe nas ruas, praças, jardins, palácios, casas e, principalmente, nas pessoas. Esse amor, a beleza desse cuidado, o patrimônio que esta cidade representa nos marca desde os primeiros dias de estada aqui. Outros são os portugueses, simples, realistas, amáveis, corretos, brigões, falastrões, risonhos, esperançosos por maiores que sejam as dificuldades que encarem.

Museu Romântico
Falando nisso, descobrir que eles passam por dificuldades foi uma surpresa para mim. Quem lê pode se admirar com a minha ingenuidade, já que em todos os países do mundo se passa por dificuldades, mas a idealização que nós do Terceiro Mundo fazemos das nações europeias é de qualidade de vida, fartura, riqueza, paz, segurança e bem-estar. Mas nem tudo isso há em Portugal. Eles enfrentam uma crise econômica que os fez perder grande parte do orçamento e também investimentos em áreas essenciais. Os país, aliás, sempre foi um dos mais pobres da Europa, o desenvolvimento só chegou com a entrada na União Europeia, na década de 1980. Quanto mais vivo por aqui, mais entendo que temos muito a quem puxar...

Saída do Jardim do Palácio de Cristal
Viver fora do lar não tem sido tão difícil, mas tem exigido adaptação e paciência, calma e resignação, planejamento e responsabilidade, leveza e tranquilidade. Por cá tenho morado no alojamento universitário, que tive a sorte de conseguir e onde já conheci alguns colegas que me acolheram na minha loucura de sair da minha casa, do meu país. Falarmos quase a mesma língua tem ajudado muito, apesar de estar cada vez mais convicto, assim como eles, que nós falamos brasileiro e não português.

Aos poucos a gente percebe que o nosso lar é onde quisermos que ele seja. É claro que a nossa cidade, nossa casa, os nossos familiares, nossos amigos e colegas fazem falta, e isso nos ensina a valorizar cada momento quando estivermos perto deles. Aqui já aprendi que tenho um lugar no mundo e, por mais cosmopolita que eu me torne, esse lugar sempre estará em mim e eu, de certa forma, estarei nele. Já aprendi também que, na vida, tudo tem um preço, tudo exige sacrifício, e temos que fazê-lo se quisermos chegar a algum lugar.

Eu, com certeza, já aprendi muito, mas sei que ainda tenho muito a aprender nos próximos meses que ficarei por aqui, ou no Brasil, ou em qualquer lugar em que esteja. Espero que tudo o que já vi e vivi aqui, em mais esta fase da vida que tenho vivido, contribua para que eu me torne um homem mais consciente, humilde, dedicado, que ama as pessoas e a vida, sempre em busca de aprender mais e mais.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Revisão, renovação

Cá estou, escrevendo neste blog, prestes, mais uma vez, a viver um momento muito importante na minha vida. Daqui a algumas horas eu estou partindo para Portugal, uma viagem que parecia tão longe que eu achava que nunca ia chegar. Mas o dia chegou. Estou indo de mudança para um novo país, um novo continente, novas oportunidades, novas experiências e,.por que não, uma nova vida. 

Mudanças sempre causam medo e apreensão, mas são necessárias para o nosso crescimento. O clichê é antigo, mas acredito que seja válido para representar esse momento, de tantas transformações. Quando esses tempos de partida chegam, é impossível não olhar para trás e ver tudo o que já aconteceu, que nos trouxe até ali. Tudo o que eu vivi, tudo que me fizeram, tudo o que aconteceu comigo, todas as minhas escolhas erradas e acertadas, todas fizeram do que eu sou, todas me trouxeram aonde estou, e vejo que foram necessárias para que eu amadurecesse.

Vejo que tenho muito o que crescer como pessoa, como estudante, como profissional, e sei que esse processo não será fácil, mas será precioso para mim durante a minha vida. Acho que olhar para trás é bom, pois você vê de onde veio, e consegue saber melhor para onde quer ir. Mas chega o momento de deixar para trás o que ficou para trás, e viver o novo que se mostra à frente. Há alguns dias, recebi uma mensagem em uma imagem que dizia: "Pare de olhar para trás, você já sabe onde esteve, agora é hora de olhar para onde você vai". Acho que estou vivendo os dois períodos, de revisão e renovação, vendo de onde vim, olhando para onde vou. As lágrimas são inevitáveis, pois tudo foi difícil, mas foram vitórias, que merecem ser comemoradas. 

E a comemoração começa agora. A festa da colheita já começou, os frutos já estão maduros. Agora é hora de desfrutar, agora é hora de viver intensamente o novo que se apresenta à frente.

Dentro de horas, estarei em Portugal, e de lá, tentarei continuar escrevendo neste diário digital. Até!


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Erros e acertos

Sempre quando chega uma data importante para a gente, uma atitude contumaz é olhar para trás e ver quantos erros e acertos já tivemos, em suma, tudo o que já passamos. Todo ano, quando chega esse dia, é como se a minha mente fizesse uma balanço das coisas que aconteceram desde o último dia 9 de novembro e acabasse percebendo que muitas coisas mudaram. O que anima é saber que as dificuldades trouxeram ensinamentos e avanços também existiram.

No último ano, encarei problemas recorrentes na minha vida, como a dependência emocional, o excesso de possessividade e também de afeto – tudo o que é demais enjoa, até o amor – e tudo isso fez com que eu precisasse levar uns tapas da vida para perceber que as soluções não estão nos extremos, mas sim nos meios. Amar demais faz mal; se dedicar demais não vale a pena; abrir mão nem sempre é a melhor escolha. Em todas as situações, o que prevalece é o bom senso.

Aprendi a ser mais seguro, até porque precisei sair do meu lugar de conforto para encarar os problemas de frente, senão fosse assim, o tormento nunca iria terminar. Aprendi que falar a verdade, não importa o quão ruim ela seja, é sempre melhor. Aprendi que se você não gosta de mentir para esconder os erros, a solução pode ser simples: não erre. Ou aprenda a ser dono dos seus atos, doa a quem doer...

Outro aprendizado interessante que tive é que estar sozinho não necessariamente implica em estar solitário e abandonado. Nesse momento, você consegue estabelecer as suas prioridades como meta para sua vida, e com isso você vive melhor e tem coisas mais construtivas para oferecer quando estiver perto de alguém. A carência, seja física, emocional, afetiva ou qualquer outra, sempre vem, mas é importante não se deixar levar por ela. É possível cometer grandes erros por causa da solidão. Aprendi a ser a minha principal companhia, e se alguém quiser vir conosco, esteja à vontade.

Errei em me entregar demais às relações que tive, de qualquer tipo. Coloquei demais nas outras pessoas uma responsabilidade que não lhes diz respeito, a minha felicidade, a qual sou o único capaz de criar. Entreguei demais, esperando algo em troca – o que é pior – achando que era por amor, mas na verdade era por puro egoísmo. Fiz tempestades em copo d’água, dificultei situações simples, me calei em situações cruciais, fechei os olhos para o que estava à minha frente e só enxerguei o que queria e que não me fazia bem. Cometi uma série de pequenos erros, que como um castelo de cartas, me isolaram em minhas próprias fragilidades.

Hoje, certamente, colho os frutos dos meus erros, mas também guardo as lições que eles me deram. Hoje, agradeço a Deus por ter aprendido, mesmo que a duras penas, o que é viver. Hoje, agradeço a Deus, por que apesar das dificuldades, tenho sido vitorioso em todas elas. Hoje, eu agradeço por ser mais feliz, maduro e livre do que há um ano atrás. Hoje, agradeço por estar só no começo de uma linda história, que ainda terá muitos erros e acertos, enfim, aprendizado.

domingo, 11 de outubro de 2015

Amor ao próximo

Hoje, segundo domingo de outubro, foi dia da realização do círio de Nazaré, a maior procissão católica e uma das maiores festas religiosas do mundo. Todos os anos, cerca de 2 milhões de pessoas enchem as ruas de Belém, demonstrando fé e gratidão por sua padroeira. O que também se repete todos os anos são os embates entre católicos e evangélicos, num eterno ciclo de intolerância de ambas as partes, em nome de dogmas que, de tão enraizados, já se tornaram mais fortes que as verdades bíblicas.

Às vezes, algumas atitudes de evangélicos me entristecem como protestante. Durante os dias que precedem o círio, ouvi e li vários depoimentos de pessoas que tiveram sua liberdade de culto cerceada pela ânsia de alguns religiosos de "converter os pecadores" e "salvar os perdidos". Um dos depoimentos dava conta de um grupo de evangélicos que se reuniu em frente a uma igreja católica para "cancelar o círio" e acabar com a "prática de idolatria" por parte dos católicos.

Outro depoimento - por sinal o mais deprimente - foi o de um jovem católico que contou que sua mãe evangélica estava fazendo de um tudo para impedi-lo de praticar sua religião, inventando mentiras e brigas para que ele abandonasse sua fé. A mãe chegou ao ponto de denunciá-lo à polícia para que ele fosse preso e não pudesse ir à uma missa. Ao fim do desabafo, o jovem ainda afirmou que aquelas eram "as provações pelo que os seguidores de Cristo precisavam passar, a fim de fortalecerem a sua fé". 

As palavras desse jovem me deixaram com uma enorme tristeza ao ver que a mãe, fanática pela "conversão" do filho, não estava percebendo que a única coisa que conseguiria era afastá-lo ainda mais da convivência com ela e aproximá-lo de sua fé. A mulher estava sendo uma provação na vida do próprio filho, provação que os evangélicos tanto oram para que Deus os livre. 

Foto da primeira cobertura do círio que fiz, em 2013
Felizmente, não são só histórias de intolerância que o círio traz. Também conhecemos a história de um jovem rapaz evangélico, que trabalhou esse ano como voluntário no atendimento a fiéis que passaram mal durante a procissão da manhã. Além disso, houve o já tradicional atendimento aos promesseiros feito por uma grande denominação evangélica, com sede numa avenida que faz parte do trajeto da procissão. O atendimento envolve trabalhos fisioterapêuticos e entrega de lanches e água.

O que quero aqui não é defender os católicos e apoiar suas práticas religiosas, com as quais discordo e mantenho minhas diferenças (2Timóteo 2.5), mas sim garantir que os católicos, assim como todos os outros adeptos das mais diversas religiões, tenham sua liberdade de culto assegurada e efetivada. Além do mais, o que busco é alertar que não seremos nós querendo cancelar as tradições católicas na marra ou inventando mentiras sobre as pessoas que faremos com que elas "aceitem Jesus como salvador". 

Como diz a Bíblia, o trabalho não é nosso, mas sim do Espírito Santo de Deus. "Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo." João 16:7,8. Se é que acreditamos em Deus, precisamos acreditar também que Ele fará sua obra, convencendo os homens de seus erros e levando-os ao caminho certo, assim como nós também devemos ser ensinados e moldados constantemente por esse Consolador. 

E que dessa época do ano restem as histórias de compaixão, ajuda, gratidão e, principalmente, de amor ao próximo, que foi o mais importante que Cristo nos ensinou (Mateus 22.39).


Até a próxima!